Entenda como funcionava o esquema criminoso que levava brasileiros clandestinamente para os EUA

Vítimas eram aliciadas pelo grupo com a esperança de uma vida melhor e empregos nos Estados Unidos. Segundo a Polícia Federal, entre 2021 e 2022, mais de 200...

Entenda como funcionava o esquema criminoso que levava brasileiros clandestinamente para os EUA
Entenda como funcionava o esquema criminoso que levava brasileiros clandestinamente para os EUA (Foto: Reprodução)

Vítimas eram aliciadas pelo grupo com a esperança de uma vida melhor e empregos nos Estados Unidos. Segundo a Polícia Federal, entre 2021 e 2022, mais de 200 pessoas foram vítimas do esquema. Suspeitos apontados como líderes do esquema foram presos no Maranhão e nos Estados Unidos. PF deflagra operação para desarticular contrabando de migrantes maranhenses A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (26) a segunda fase da operação Hancórnia que desarticulou uma organização criminosa especializada no contrabando de migrantes brasileiros para os Estados Unidos. Os mandados foram cumpridos no Maranhão e outros quatro estados. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Maranhão no WhatsApp Duas pessoas foram presas, uma no Brasil e outra em Boston, nos Estados Unidos e R$ 14 milhões dos investigados foram bloqueados. Um dos suspeitos foi preso em São Raimundo das Mangabeiras, cidade no sul do Maranhão, e é apontado como um dos líderes da organização e responsável por atrair as vítimas. Essa é a segunda vez que ele foi preso por envolvimento no esquema de imigração ilegal. Ele é dono de um posto de combustível e de um hotel que era usado como fachada para fazer a lavagem do dinheiro do esquema criminoso. O suspeito também movimentava a conta de laranjas para monitorar o pagamento feito pelas vítimas. "Ele é apontado como um dos líderes da organização criminosa, já tinha sido alvo na primeira fase da operação de um mandado de busca e de prisão. Após conseguir a liberdade provisória e responder ao inquérito policial em liberdade, a gente descobriu que esse individuo continuava promovendo a imigração ilegal e a gente conseguiu um novo mandado de prisão", disse Diego Frota, delegado da Polícia Federal no Maranhão. Segundo a Polícia Federal, entre 2021 e 2022, mais de 200 pessoas foram vítimas do esquema criminoso e destas, cerca de 80 eram crianças e adolescentes. De acordo com as investigações, algumas das vítimas, eram de algumas cidades maranhenses como São Raimundo das Mangabeiras e Balsas, localizadas no sul do estado. Como o esquema era feito Grupo leva brasileiros de forma clandestina aos EUA, por rotas na América Central Os maranhenses eram aliciados pelos criminosos com a esperança de uma vida melhor e oportunidades de emprego nos Estados Unidos. A travessia era feita de forma ilegal pela América Central, passando por países como México, Panamá e Costa Rica. O esquema era divido em núcleos com representantes no Brasil, México e nos Estados Unidos. Para fazer a travessia, as vítimas tinham que pagar valores em dólar aos criminosos. Metade era feito antes do processo de imigração ilegal e a outra metade era pago de forma parcelada. Em alguns casos, os líderes do grupo criminoso emprestavam dinheiro para as vítimas que não possuíam os valores. Caso elas não pudessem pagar precisavam dar, como garantia aos criminosos, imóveis e bens que tinham no Brasil. "Eles tinham uma tarefa bem definida dentro do quadro da organização criminosa. As vítimas eram recrutadas na parte sul do Maranhão, aliciadas com falsas promessas de um futuro melhor, oportunidade de emprego nos Estados Unidos da América", explica Diego Frota, delegado da Polícia Federal no Maranhão. Etapas da travessia Polícia Federal esteve em São Raimundo das Mangabeiras e cumpriu um mandado de prisão Divulgação/Polícia Federal De acordo com a Polícia Federal, o esquema era organizado em escalões com representantes no Brasil, no México e nos Estados Unidos. Havia um núcleo responsável pela gestão de todo o esquema criminoso. Logo abaixo deles, havia o núcleo de logística, que cuidava da travessia dos imigrantes. Ao chegar ao México, as vítimas eram recepcionadas por outro escalão do esquema, responsável pela travessia até os Estados Unidos. E, ao chegarem ao país americano, um outro escalão era responsável por cobrar os valores da travessia para as vítimas. Preso nos Estados Unidos Uma das pessoas presas nos Estados Unidos é apontada pela Polícia Federal como um dos líderes do esquema. A prisão foi realizada após o cruzamento de dados entre as polícias brasileira e norte americana. "Um dos braços da inteligência nacional em Brasília ela fez uma interlocução com a polícia americana, que foi possível a gente compartilhar informações de investigações em andamento no Brasil", diz Sandro Jansen, superintendente da Polícia Federal no Maranhão.